quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Parabéns Sofia!

Depois de um ano a dar de ti e do teu tempo, ontem, chegou o dia de receber!


Parabéns!



(e mais não digo porque entre rabanadas, pencas e exames para estudar, o tempo que sobra é pouco)



(logo no primeiro dia a dar a perícia das tuas mãos aos pés cansados do JoãoA)



Outra coisa: A Caminho 2009 já está em preparação, a ideia é começar de Ourense!


Este fim-de-semana vamos fazer uma 'caminhada de preparação' para acabar o ano com a leveza que estes dias sempre nos trazem. Quem alinha? Que dia preferem?




Para ti, para os 'A Caminho', para os visitantes deste blog e para todos os outros, desejos de um Natal como desejam!






A bossa bice,



Rita

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

AEJ - Associação Espaço Jacobeus

Amigos, Companheiros do Caminho:



Até aqui temos vindo a recordar as emoções da experiência que o trilhar do Caminho nos tem proporcionado. É bom, e o que é bom não se deve deixar cair no esquecimento. Mas há que cuidar também dos dias de amanhã, avançando para outras etapas e outras conquistas.


Por ocasional fortuna tocou-nos a sorte de podermos albergar na nossa Paróquia, no nosso Centro, a Delegação do Porto da AEJ!


É uma Graça mas também uma responsabilidade, e o nosso grupo, o "acaminho2008", que foi o motor de arranque desta iniciativa, tem e terá sempre uma palavra a dizer e um lugar insubstituível no funcionamento desta nossa Delegação.


Assim, somos e estamos todos convidados a participar activamente com a AEJ na Delegação do Porto, para que seja efectivamente a nossa Delegação.


A abertura está marcada para as 21,15 horas do próximo dia 2 de Dezembro, no Centro Paroquial de Aldoar, conforme se pode ver pelo cartaz que aqui se insere.


Vamos fazer o possível por comparecer. É necessária a colaboração de todos.
Carlos



domingo, 2 de novembro de 2008

És como a Raposa?

No seguimento do post anterior:



"Se eu fosse personagem de um livro era de certeza a raposa do Principezinho. Aquela que sabe viver com tudo o que tem, mesmo com a ausência dos que ama. Aquela que sabe que nada é perfeito mas que sonha com a perfeição. Aquela que tem sempre tempo e amor para os amigos. Que cuida das flores mal educadas e de rapazinhos confusos. Aquela que ama a cor do trigo porque o trigo tem a mesma cor dos cabelos do rapaz que ela ama."

Margarida Rebelo Pinto



Eu acho que sou 'aquela que sabe que nada (ou muito pouco) é perfeito, mas que sonha com a perfeição'!

E acho que a Sofia é aquela 'que cuida das flores mal educadas e de rapazinhos confusos'!

E acho que o Carlos é aquele 'que sabe viver com tudo o que tem, mesmo com a ausência dos que ama'!


Mas... e vocês, o que acham?

Também és como a raposa?


Rita.



sábado, 18 de outubro de 2008

cativar

"Só conhecemos as coisas que cativamos - disse a raposa. - Os homens agora já não têm tempo para conhecer nada. Compram as coisas feitas nos vendedores. Mas como não há vendedores de amigos, os homens já não têm amigos. Se queres um amigo, cativa-me!

E o que é preciso fazer? - Perguntou o principezinho.

- É preciso ter muita paciência. Primeiro, sentas-te um bocadinho afastado de mim, assim em cima da relva. Eu olho para ti pelo canto do olho e tu não dizes nada . A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas todos os dias te podes sentar mais perto (...)
Se vieres sempre às quatro horas, às três já eu começo a ser feliz...

Foi assim que o principezinho cativou a raposa..."



porque prometi não deixar isto vazio - e vou cumprir essa promessa! Gosto de vocês, amigos peregrinos!
Marta

terça-feira, 19 de agosto de 2008

A Caminho 2009, vens?

Há que começar a pensar no próximo ano, nas datas, nas disponibilidades para que todos marquem já na agenda e não surjam impedimentos!




E assim, uma vez mais, lanço o repto: Vens?




Penso que é desejo de todos continuar a caminho, continuar a chegar a Santiago, continuar a procurar o melhor de cada centímetro do Caminho, receber um pouco mais do tanto que estes trilhos têm para nos dar, e dar-lhes também o nosso suor e cansaço, as nossas músicas e alegrias!







E assim... proponho que os estudantes faltem ao último dia de aulas antes das férias da Páscoa e que caminhemos juntos os mesmos e outros que se queiram juntar começando dia 3 de Abril (Sex), chegando a Santiago dia 8 (Qua) e voltando dia 9 (Qui) mesmo a tempo das celerações Pascais.



O que vos parece? Que disponibilidades há?



Mariana... já há percurso?



Seria viável começar ainda antes e caminhar um pouco mais do este ano?



Espero as vossas opiniões e o vosso entusiasmo. Afinal, estes Caminhos já são um pouco nossos!



Sempre,

Rita

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

"O mundo será sempre dos mais fortes, dos que lutam, dos que salvam os outros e que, com a sua grandeza, ajudam a construir um mundo melhor."

Pois eu digo que não, que o mundo é também nosso, que não somos assim tão grandes mas que, sem dúvida, ajudamos a construir um mundo melhor. O mundo é também nosso, de quem sabe que sozinho não é muito mas que se junta a mais uns quantos para, juntos, fazerem a diferença.

A Margarida Rebelo Pinto escreveu esta frase num texto que me diz muito, especialmente a mim que conheci a pessoa para quem ela o escreveu - eu e o Fábio, e decerto dirá muito também a ele. E eu achei que podia deixar aqui um pequeno incentivo... porque, juntos, somos grandes e ajudamos a construir um mundo melhor!

Nós voltamos do Caminho. Mais recentemente, nós os cinco, do último post, voltamos da colónia. E é cá, em Aldoar e nas nossas redes sociais que podemos fazer alguma coisa para mudar o mundo e ajudar na construção de um mundo melhor.

Vamo-nos juntar de novo e ajudar mais um pouco, nem que seja ajudarmo-nos uns aos outros? :) Estamos à espera de quê?


Marta

quinta-feira, 31 de julho de 2008

seguir Caminho




Rita e Marta




Fábio e Mariana




Sofia
Nós vamos agora continuar o nosso Caminho para a terra onde os sorrisos são verdadeiros e os olhares transparecem felicidade - estou ansiosa, mas ao mesmo tempo sem aquela sensação habitual de que "é já amanhã!" (para mim...)! Vamos fazer papinha boa para os meninos voltarem ao Porto "mais gordos, nutridos, felizes!" Vamos ser "pai" e "mães" e vamos desfrutar da companhia e dos sorrisos das crianças. Vamos deixar uma lágrima escapar, às escondidas, quando apertar a dor da partida - no regresso!
Beijos meus,
Marta

quinta-feira, 24 de julho de 2008


Foi uma paragem... vá... terrível!!

Muita sorte tem a Sofia de ainda ter aqueles caracois todos no sitio.

A minha frase, já tão gasta, para os momentos maus aplica-se, definitivamente: dói, mas faz crescer... pele nova, depois de rasgada pelas agulhas e betadine e tudo o resto.

Bom, depois de comermos uns paezinhos mesmo bons e de eu beber um pacotinho de leite achocolatado (que levei na mão durante o resto dia à espera de encontrar um balde do lixo - entenda-se que estávamos a caminhar pelo meio do monte), depois de parecer que ia ser até uma paragem relaxante e pacífica, a Sofia tratou de excruciar terrivelmente o JoãoC 'tratando-lhe' as bolhas.


(o JoãoC, de camisola branca, à espera da tortura)


Para animar um pouco, a Mi escolheu um qualquer poema e eu, depois de encontrar uma música sem Sis nem Fás, tentei tocar... o Peregrino. Para equilibrar o tom roqueiro que lhe foi infligido pela Sofia, toquei bastante devagar... voltando a ser uma música calma. Mas apenas por isso, nada a ver com a falta de jeito e prática :D

E bom, era só para vos dizer olá: OLÁ!


Sra, Dª bice (aka Rita)

terça-feira, 22 de julho de 2008

De Braga a Jerusalém - AMARO FRANCO

2007 - Amaro Franco, connosco, no Caminho Português

Amaro Franco em Jerusalém


Peregrino de Jerusalém cumpre desejo de chegar à Terra Santa nove meses depois do início e no dia 4 de Julho. Foram oito mil quilómetros a pé Amaro Franco já chegou a Jerusalém. O peregrino dirige-se, segundo informações enviadas à Agência ECCLESIA, "neste momento para a cidade antiga, percorrendo a Jaffa Street".
Amaro Franco, 38 anos, português, natural da freguesia de Subportela (Viana do Castelo/ Portugal), cumpre assim nove meses da peregrinação que o levou de Braga à Terra Santa.
Totalmente a pé, percorreu mais de oito mil quilómetros, atravessando doze países, visitou inúmeros santuários, dos quais os mais importantes do Cristianismo (Santiago de Compostela, Roma e agora, Jerusalém), numa peregrinação inédita.
“A iniciativa intitulada «Peregrinos a Jerusalém»" mobilizou e cativou gente de todas as idades e de todo o mundo, como o demonstra a grande e surpreendente vitalidade do "Diário de Viagem" que Amaro Franco escreve diariamente na Internet (em www.amarofranco.wordpress.com)”, refere um comunicado enviado à Agência ECCLESIA.
Em declarações recentes à Agência ECCLESIA, Amaro Franco confessa que não é um homem com grande fé, pois teve de deixar tudo para ir em busca da fé, é um homem feliz, mas sobretudo "exausto" pelo grande e continuo esforço diário que representa caminhar, estar atento e aberto ao outro e ainda escrever as suas crónicas.
Em entrevista telefónica, Amaro Franco confessou o “cansaço”. “Estou bastante exausto: fisicamente, mentalmente, psicologicamente e emocionalmente” que deriva desta longa caminhada, que já passou por Santiago de Compostela (túmulo de S. Tiago Apostolo), Oviedo (Camara Santa), Lourdes, Montpellier (relíquias de S. Roque), Saint-Gilles (túmulo de S. Gilles), Aix-en-Provence (túmulo de Nostradamus), S. Maximin (túmulo de Santa Maria Magdalena), Roma (S. Pedro e S. Paulo), Assis (túmulo de S. Francisco), Padova (túmulo de Santo António)... e ultimamente na Terra Santa (correspondente ao Reino de David), Ma'aloula (túmulo de Santa Tecla), Saydnaya (a Chahoura), Damasco (túmulo de S. João Baptista e lugares paulinos) e Israel. “Passei nos locais emblemáticos do cristianismo” – frisou Amaro. E acentua: “passo a ter referências visuais quando leio a Bíblia”.

Fotografia polémica

Recorde-se que Amaro Franco esteve ilegalmente preso, durante 28 horas, pelas forças militares sírias, experiência que o peregrino atribuiu a um mal-entendido por causa de uma “fotografia” a uma colina que, afinal, era também uma “base militar”. Algo que esteve para se repetir na Jordânia por causa da “mochila” do peregrino. “Pensaram que poderia ser um possível bombista” – realçou.
Na Síria não sentiu a vida em risco porque “levei aquilo na brincadeira” – afirmou. E relata: “disse às autoridades que se o problema é a fotografia apaga-se a fotografia”. No entanto, “eles não entenderam ou quiseram entender”.
Apesar destes acontecimentos, Amaro Franco guarda também pontos positivos da caminhada. “O sorriso das pessoas e os contactos estabelecidos”. Durante o percurso “não me limito a olhar apenas para a frente, gosto de observar tudo o que me rodeia”.
Com quase nove meses de caminho, Amaro Franco confessou que chegou a desanimar e “pensei em desistir”. No início de muitas tardes - “quando o cansaço apertava” -, o peregrino sentia-se só. “Cheguei a perder-me e, muitas vezes, não percebia as pessoas” – reconhece.


Dados biográficos de Amaro Franco


O «peregrino de Jerusalém» nasceu a 10 de Janeiro de 1971, em França, e tem nacionalidade portuguesa, residindo em Braga. Amaro Franco realizou a sua primeira peregrinação a Santiago de Compostela na Semana Santa de 1992, efectuando-a em bicicleta. Volta ao mesmo santuário, também em bicicleta, na Semana Santa de 1993 (Ano Jubilar Compostelano/ Ano Santo). Nesse ano percorre ainda o Caminho do Norte de Santiago até Oviedo e Covadonga, o Caminho Astur-Leonês de Oviedo até Léon e, o Caminho Francês de Léon até Santiago de Compostela.
Volta a Santiago de Compostela em 1999 (Ano Jubilar Compostelano/ Ano Santo), saindo, a pé, de Viana do Castelo. Realiza esta peregrinação com um micro fractura no pé direito, a qual o impossibilitava de andar normalmente desde de há meses. Chega ao túmulo do Apóstolo após oito dias de marcha.
Desde do ano de 2004 (Ano Jubilar Compostelano/ Ano Santo), peregrina diversas vezes, a pé, ao santuário compostelano, saindo de Braga, Viana do Castelo e Valença do Minho.
Realizou, a pé, a peregrinação a Roma no ano de 2001: Foram cerca de 3000 quilómetros percorridos em 126 dias. Amaro Franco é, desde 1999, membro da “Archicofradia Universal del Apóstol Santiago”.


Transcrito, com a devida vénia, da "Agência Ecclesia".

Parabéns e o nosso abraço a Amaro Franco.

Carlos






terça-feira, 15 de julho de 2008

Qual a mais trenga?


Não é fácil dizer qual é a cara mais trenga... mas somos duas trengas felizes que: "Caminhando pela vida v(amos) cantando...!" e encantando biciclistas esfomeados e encantando-nos com o que o caminho tem para nos dar.
Não estou especialmente inspirada, nem tenho nada de significativo a dizer, apenas quero postar para que isto continue a andar e para, quanto mais não seja, fazer surgir um ou outro sorriso ao ver duas caras tão trengas que remetem para uma noite, uma semana deliciosa.
E só para não ser um post demasiado pequeno, vou voltar à Mafalda Veiga:
"Se te sentires perdido numa noite assim, em que as estrelas se misturam pelo chão, em que o vento e a poeira, as lembranças e os cansaços te fazem procurar o teu lugar [...]
Se te sentires perdido numa noite assim sem saber o caminho certo e momento de parar e ouvir a voz do teu coração, pode ser que encontres no olhar perdido de alguém o teu mundo perdido... Um desejo escondido e o que ficou nos teus sentidos de alguma canção...!"
Desta vez não me esqueço,
Rita

sábado, 5 de julho de 2008

Todos os dias A Caminho


"Nem tudo é negro e o importante é viver cada momento e ser feliz naqueles que o permitem. Há que guardar esses pequenos momentos como tesouros secretos nossos que amamamos e sentimos imensamente só de lembrar.

Amar momentos, amar a vida e tudo o que a constrói.

Não criar expectativas, o que for será muito bom, porque foi de facto e não voou no mundo das miragens. Porque foi nosso e de mais ninguém, porque estará sempre dentro de nós!"


Tal como canta a Mafalda Veiga, 'há lugares que são pequenos abrigos para onde podemos sempre fugir.'

E ao longo de cada dia, de cada projecto, sonho ou ambição, de cada conquista ou desilusão, temos temos sempre o nosso próprio exemplo da pessoa que fomos durante uma semana.

Se durante uma semana conseguimos atingir uma simplicidade que nos permite sorrir de felicidade por ver uma flor bonita, então certamente não será impossível sermos o melhor de nós todos os dias, basta querer.


O Caminho é um pequeno abrigo mas não para fugir da realidade, bem pelo contrário, serve para, com metáforas e exemplos menores, nos ajudar a enfrentá-la da melhor maneira!


E quando é que vamos todos jantar fora? :)

Tenho saudades de cantar a nossa versão do peregrino ou do suspiro do veado. Da sabedoria do Carlos, da música do JoãoC e da Mariana, do pragmatismo da Sofia, do humor do JoãoA, da força do Fábio e da doçura da Marta...!

Mais ainda, tenho saudades de enfiar o mundo na mochila e partir, passo a passo acompanhada por vocês! Mas sei que, afinal, todos os dias estamos A Caminho. Caminhamos à procura de algo melhor para nós e para quem nos rodeia.
PEGADAS NA AREIA

"Uma noite eu tive um sonho...
Sonhei que andava a passear na praia com o Senhor e, no firmamento, passavam cenas da minha vida.
Após cada cena que passava, percebi que ficavam dois pares de pegadas na areia: um era o meu e o outro era do Senhor.
Quando a última cena da minha vida passou diante de nós, olhei para trás, para as pegadas na areia, e notei que muitas vezes, no caminho da minha vida, havia apenas um par de pegadas na areia.
Notei também que isso aconteceu nos momentos mais difíceis e angustiosos do meu viver. Isso
aborreceu-me deveras e perguntei então ao Senhor:


- Senhor, Tu disseste-me que, uma vez que resolvi seguir-Te, Tu andarias sempre comigo, em todos os caminhos. Contudo, notei que durante as maiores tribulações do meu viver, havia apenas um par de pegadas na areia. Não compreendo porque é que , nas horas em que eu mais necessitava de Ti, Tu me deixaste sozinho.

O Senhor respondeu-me:

- Meu querido filho, jamais te deixaria nas horas de prova e sofrimento. Quando viste, na areia, apenas um par de pegadas, eram as minhas. Foi exactamente aí que peguei em ti ao colo."



para que nunca nos esqueçamos que Ele andou connosco ao colo durante aqueles dias.. e que continua a fazê-lo sempre que mais necessitamos.
Podemos mesmo não O lembrar tantas vezes quantas deviamos, mas Ele não se esquece de nós. NUNCA!

e eu tenho saudades destes dias.

No fim-de-semana passado senti-me bem pertinho Dele. Conheci-O um pouco melhor e percebi que não há outro lugar no mundo onde me apeteça estar senão a falar Dele, a senti-Lo, a vivê-Lo!


Achei que podia partilhar convosco a minha felicidade, o sorriso que o fim-de-semana passado deixou nos meus lábios e a paz com que vim de volta ao Porto, desejando que não acabasse e que eu pudesse ficar naquela capelinha linda, lá em Avessadas (aquela onde estivemos há dois anos, com os bancos à volta e o Santíssimo bem no centro, lembram-se?!)

Gosto de vocês!

Marta

quarta-feira, 21 de maio de 2008

7º. dia

E, ao Sétimo dia, descansámos em Santiago.

Tomámos o pequeno almoço com o Gerhard, tal como tínhamos combinado na véspera, voltámos a trocar endereços, números de telefones e de telemóveis, e marcámos encontro para a Catedral.

À saída do albergue, o José Manuel ofertou-nos dois mapas dos Caminhos de Santiago, e só nos não deu um jogo do Caminho de Santiago porque não tinha perguntas que associassem Portugal ou os portugueses a Santiago…


O João Maciel fez a leitura

À hora de entrar na carrinha fizemos a última oração e a última leitura, que foi escolhida e lida pelo João Maciel:

Carta aos Hebreus, 12, 14-29:

“Procurai a paz com todos e a santidade, sem a qual ninguém verá o Senhor. Na verdade, não vos aproximastes de nenhuma realidade palpável, de fogo ardente, das trevas, da obscuridade ou da tempestade, nem do som da trombeta ou do ruído das palavras…”.

Mais palavras para quê? Mais que da realidade palpável, Santiago é foco de irradiação da outra realidade, da que existe e não se vê, mas que é muito mais real e perene do que a primeira. É foco de irradiação de Paz e da Santidade que devemos procurar, alimentar e difundir, e sem as quais ninguém verá O Senhor!

Fizemos a nossa última oração da manhã e entoámos os últimos cânticos ao som da flauta mágica da Mariana.

O dia foi reservado à Missa do peregrino – 12 horas – a compras e ao almoço, que decorreu no McDonald’s por escolha dos mais jovens. Sim, daqueles que são menos velhos…

Não voltámos a encontrar o Gerhard.

Voltámos a a encontrar o Luís...

Ainda voltámos a encontrar amigos,

fizemos compras e a Sofia fez negócio com o eterno candidato a médico, veterano das lides académicas do Obradoiro...

A Sofia a negociar...

Despedimo-nos das procissões e da cidade.

Despedimo-nos da cidade e de suas procissões

Dissemos um último adeus a Santiago.

O regresso foi já de saudade, e o cansaço daqueles dias misturou-se com a nostalgia do Caminho...

À chegada, junto à igreja de Aldoar, uma última leitura da Carta aos Efésios, 4, 25-32 – Vida exemplar:

“Nenhuma palavra desagradável saia da vossa boca, mas apenas a que for boa, que edifique, sempre que necessário, para que seja uma graça para aqueles que a escutam. E não ofendais o Espírito Santo de Deus, selo com o qual fostes marcados para o dia da Redenção.

Toda a espécie de azedume, raiva, ira, gritaria e injúria desapareça de vós, juntamente com toda a maldade. Sede, antes, bondosos uns para com os outros, compassivos; perdoai-vos mutuamente, como também Deus vos perdoou em Cristo.”

Sequência admirável!...

Agradecemos a Graça daqueles dias na Missa celebrada às 19 horas.
O regresso a Aldoar

Entretanto, o Caminho continua…

Bom Caminho, Amigos!

ULTREIA!!!

SUSEIA!!!

Porto, 30 de Março de 2008

6º. dia

Esperam-nos os últimos 18 quilómetros. Já cheira a Santiago. A chuva deixou-nos, o sol já espreita. O que não nos deixou foram as subidas que não tínhamos adivinhado no relevo cuidadosamente observado na Net!... E algumas eram mesmo martirizantes!

Na leitura deste dia saiu a passagem da 2ª. Carta de S. Pedro, 3-11:

“O divino poder… concedeu-nos todas as coisas que contribuem para a vida e a piedade.

Por este motivo é que, da vossa parte, deveis pôr todo o empenho em juntar à vossa fé a virtude, à virtude o conhecimento, ao conhecimento a temperança, à temperança a paciência, à paciência a piedade, à piedade o amor aos irmãos; e ao amor aos irmãos a caridade.

Se tiverdes estas virtudes e elas forem crescendo em vós, não ficareis inactivos nem estéreis, relativamente ao conhecimento de Nosso senhor Jesus Cristo.
…”
Até aqui lêramos anúncios de dificuldades e promessas de protecção. Agora é a afirmação da concessão de dons suficientes para a progressão no caminho do aperfeiçoamento e da Fé. São ensinamentos de como agir para atingir a perfeição e a meta, que são as portas abertas de par em par do Reino de Deus.

já temos, mas teremos de lhe juntar a virtude…o conhecimento…a temperança…a paciência…a piedade…o amor…a caridade, tudo em crescendo, caminhando para maior perfeição e realização pessoal.

A última paragem

Antes do Monte do Gozo fizemos uma última paragem no alto de uma encosta que se desbobina primeiro por entre loureiros e carvalhos em subidas acentuadas, e, depois, por entre tojos e pinheiros. O caminho torna-se mais rústico e despido, a paisagem menos verdejante, própria de monte. Foi aqui que a Sofia foi contemplada com uma singela coroa de silva, a lembrar que “não há amoras sem espinhos”, e que as boas conquistas também têm os seus custos.

Não há amoras sem espinhos...

Passam ciclistas a caminho de Santiago. E passa uma airosa moça em sentido contrário. Fiz-lhe sinal de boleia ao contrário, indicando que Santiago não era para ali.

Respondeu que “É outro o méu caminho!...”.

Caminhos… Sim, cada qual tem o seu, o que importa é descobrir qual é.

Pouco adiante deparámos com a “rede das cruzes”: entretecidas na malha da rede que separa o caminho da estrada estão centenas de cruzes de todos os tamanhos que os peregrinos vão colocando à medida que chegam. Também lá deixámos as nossas, pequeninas…sob a vigilância de Santiago, representado no marco que, pouco abaixo, indica estar próxima a cidade do Apóstolo.

Deixámos também lá as nossas...

Mas ainda nos aguardava a singela vista de uma família completa que, de bicicleta, enfrentava as últimas subidas: o pai, que rebocava o carrinho com a filhota de uns dois anitos, a mãe e o filho mais velho, de uns sete e que, garbosa e confiantemente ora seguia ora antecedia os progenitores na sua mini roda 20!...


Peregrino grande

Pusemos o último carimbo do Caminho na capela de S. Marcos e, por opção do grupo, não atravessámos o albergue mas contornámo-lo, descendo para a cidade.


A capela de São Marcos

Fomos tirando “bonecos” e andando. Já estavam esquecidos os momentos de dificuldade, nem o João C. se lembrava das queixas do seu joelho (esquerdo ou direito, João?), nem o Fábio da falta dos ténis, nem eu do telemóvel.

Com a bênção de João Paulo II

Timidamente, o sol apareceu

E, finalmente, o sol começava a espreitar!

No centro de Santiago

Na chegada à Praça do Obradoiro fomos recebidos pelo disparar de flashes por parte daqueles que vêm de carro e que não resistem a fixar a lembrança dos grupos que vão vendo chegar.

Entrando na Praça do Obradoiro

Saltámos, abraçámo-nos, cantámos…

A Catedral...

Alegria e emoção

Fizemos a nossa última roda… rezámos… e ali ficámos um pouco, colados ao chão, comovidos, retendo lágrimas teimosas, e enterrando definitivamente todos os nossos trabalhos do Caminho. Mas apenas os daquele porque o verdadeiro Caminho começava nesse momento. Um termina ao chegar, o outro inicia-se ao partir.

A última roda

Os nossos bordões do Caminho, apontando para a concha, indicam a nossa união, indicam a chegada, mas a parte exterior, apontando em todas as direcções, indicam a partida, o sentido de todos os pontos cardeais para onde deve seguir a nossa Mensagem .

As direcções da Mensagem

À entrada do albergue aguardava-nos a última surpresa: quando nos dirigíamos à recepção vislumbrámos por uma porta entreaberta, ao fundo da sala de refeições, nada menos que o Gerhard!... Sim, o Gerhard, que encontrámos o ano passado na primeira etapa, vínhamos desta vez encontrá-lo depois de terminada a última!...

Ficou como nós: pasmado e admirado! Não era para menos.

Trocámos cumprimentos, informações, e combinámos encontro para o dia seguinte, ao pequeno-almoço.

Tinha passado a tarde, passou a noite e veio a manhã: foi o sexto dia.

5º. dia


Com promessas de melhoria nas últimas leituras, esperançados, com o Fábio calçado de novo, mais uma vez escorraçados do albergue, preparámo-nos para outra etapa, rumo a Pedrouzo.

Coube desta vez ao J. Cunha abrir “o livrinho” e ler Actos, 20, 1-6:

“…Estes partiram à frente e esperaram-nos em Tróade.”.

“Estes” eram sete, o que perfaria o número de oito com Paulo.

Quem de nós oito foram os sete que partiram à frente para se encontrar com o último em Tróade?

Distávamos de Pedrouzo (Pino) apenas 18 Km, que era a distância que prevíamos percorrer naquele dia.

A chuva abrandou e a tempo mostrou melhorias. O trajecto continuou por entre zonas verdes e povoados minúsculos e, a espaços, começaram a aparecer construções e propriedades mais bem cuidadas. Adivinhava-se a proximidade de Santiago.

Suíça e Polónia unidas.

Reencontrámos os amigos (um do outro...) de Zurique e Vadovice, e um grupo de Guimarães (Ronfe) que vinha do Caminho primitivo francês. Com eles vinha o Luís, um moço que peregrina por missão e que foi o ano passado de Braga a Roma a pé. Durante quatro meses percorreu caminhos, parou a colher morangos no percurso para angariar dinheiro para o seu sustento. Nesses quatro meses apenas gastou €350,00!...

O Luís.

Em sentido contrário cruzámos com um seu velho conhecido de caminhadas que ia de Santiago talvez para lado nenhum: o Costinha, da Nazaré, que é um sem-abrigo desde que a família se lhe desmantelou. Peregrina quase que por peregrinar. Qual a diferença em dormir na rua parado ou a andar? Assim ao menos vê mundo e alguma coisa retém.

As histórias do Costinha

Enquanto rezávamos o Terço, numa subida, reparámos que, coladinho nas nossas costas, vinha um peregrino que víramos quilómetros atrás. Parecia querer rezar connosco. Convidámo-lo a dirigir uma dezena. Aceitou e rezou o Pai Nosso, depois parou.

- Agora é a Ave Maria, dissemos-lhe.

- Não sei. – Respondeu.

Continuámos e ele sempre colado a acompanhar-nos.

Findas as orações finais perguntou se éramos católicos. À nossa resposta de que sim, frisou.

- Apostólicos?… Romanos?

- Sim.

- Eu sou Evangélico.

- Baptista?

- Pentecostal. De Barcelona.

- Como se chama?

- José.

A Sofia entoou e nós começámos a cantar com ela: “O Senhor é meu Pastor, nada me falta. Faz-me descansar em verdes prados, conduz-me às águas refrescantes…”

- Salmo 23. – Sussurrou ele.

Quase que maquinalmente anuí.

Bem lá no íntimo deve ter ficado a pensar que, afinal, os católicos também lêem e prezam a Bíblia, cantam os Salmos! Este facto deve tê-lo obrigado a desfazer juízos preconcebidos habitualmente denegridores da nossa imagem.

É certo que a maioria dos católicos não lêem a Bíblia. Mas há católicos que a lêem…

E a conversa continuou sobre o papel do Espírito Santo na Igreja e em cada um, e no de Maria como medianeira na incarnação, como participante na redenção, ponte entre o Céu e a Terra, e agora nossa medianeira no Céu.

A certa altura lembrei-me de disparar a pergunta que era habitual na Sofia:

- O que o traz a Santiago?

- Ver gente, conhecer pessoas. – Disse.

- Mas… para isso pode-se ir à rua, ao futebol, à romaria…

- Sim, mas não é a mesma coisa!

Pois não, de facto não é a mesma coisa, embora às vezes nem tenhamos verdadeira consciência disso, e de que somos guiados por uma mão invisível que nos impele a ir ao encontro da Fonte da Água Viva…

Separámo-nos, cogitando o que é que faz com que pessoas como o José se despeguem ocasionalmente da crença que têm e se aproximem da que os seus antepassados deixaram há muito tempo.

Mais tarde, já no albergue, quando voltou a acercar-se de nós dava gosto ver a curiosidade com que desfolhava o nosso cancioneiro…

O José acompanhou-nos na sobremesa.

O albergue é à entrada da cidade, no alto de uma curta subida. Depois do banho fomos às compras ao mini, ao talho e à padaria. Trouxemos morangos para a sobremesa. Um pequeno mimo. Éramos 8, contei 8 e parei. A Sofia pôs mais dois e disse:

- Eu não gosto de levar a conta certa. É que, às vezes, aparecem mais dois e assim dá para todos.

Parece ser pouco? Mas o certo é que nunca ninguém passou fome e o pouco que adquirimos chegou perfeitamente para as nossas precisões do caminho… Mas também era uma peregrinação, não uma excursão.

Fomos os últimos a servir-nos da cozinha.

Fomos os últimos a servir-nos da cozinha

Os amigos de Guimarães já estavam sentados a comer e nós ainda nos preparativos. Foram muito simpáticos. Deram-nos o resto da carne estufada, um arroz em que não acertaram na cozedura (temos de lhes emprestar a Sofia!), salpicão do Minho, e vinho de quinta! O Sr. Vaz e os demais desdobraram-se em amabilidades connosco.

Os amigos de Ronfe

Já estávamos à mesa quando aparece uma espanhola com um tacho com salada de alface já temperada:

- Nós não conseguimos acabar. Deixamos aqui para vocês!

Recordámos as passagens da leitura do dia 27:

Os nativos trataram-nos com invulgar humanidade.

…durante três dias, nos hospedou da maneira mais cordial.”

Parece que connosco estava a acontecer o mesmo!...

Estávamos à mesa quando aparece o José. Convidámo-lo a sentar-se e a comer connosco. Aceitou sentar-se mas não quis comer. Ficou à nossa frente muito circunspecto. Quisemos que comesse um pouco ao menos do nosso pudim. Aceitou.

O que é que faz com que as pessoas se acerquem de nós? – Perguntei a mim próprio. Parece que temos mel…

Acabado de chegar de "bike"

Às tantas juntou-se-nos um moço que acabava de chegar de bicicleta. É do Porto. Porto FCP e Porto cidade. Com ele vem outro jovem que não quer comer. Sente-se cansado e prefere o descanso ao alimento. Convidámos o recém-chegado e insistimos para que convencesse o companheiro. Não conseguiu. Movimentou-se logo uma delegação de jovens que foi falar com ele. Não o convenceram de imediato mas, pouco depois lá veio ele. Afinal a Sofia ainda não acertara desta vez com a quantidade, por erro ou acinte, não sei, e havia que chegasse e sobrasse. Pena era ter de deitar o resto ao lixo!

No final, o pudim chegou para todos e os 10 morangos tiveram o destino que a Sofia previra…

Massa, pudim, música e morangos

Os mais novos lavaram, arrumaram a louça e limparam a cozinha

Tínhamos arrumado e limpo a cozinha quando vemos passar os amigos de Guimarães, de garrafas na mão, pão e salpicão. O Sr. Vaz espreita para a cozinha e diz:

- Se quiserem acompanhar-nos num copito estamos ali na sala…

Para terminar o dia alguns de nós não deixámos cair o convite e fomos provar o salpicão.

Mas, preparávamo-nos para nos deitar quando apareceu o Luís no cantinho que nos destinaram: um sector de oito beliches, mesmo à nossa medida! Sentámo-nos todos em roda acocorados em dois beliches a ouvir as histórias dos seus percursos, as razões da sua decisão de andar pelos caminhos evangelizando… Da sua caminhada solitária do ano transacto de Braga a Roma em quatro meses e meio com apenas 350 Euros!... Do seu sonho de ir para o ano a pé até Jerusalém… E as histórias dos seus caminhos, que são um só afinal, das vezes em que foi recebido quando precisava e de quando lhe fechavam a porta, sendo necessitado! E de quando descobria que, agradecendo o acolhimento, quem lho fornecia é que terminava agradecido!

Ficaríamos ali até à manhã seguinte não fora o termos de dormir para reiniciar a nossa caminhada! Na verdade, as surpresas continuavam. Apetecia-nos ficar ali esquecidos prolongando aquele serão na clandestinidade dos regulamentos do albergue, recolhendo sofregamente cada experiência daquela vida feita doação, entrega, de alheamento de si e de dedicação aos demais… As pálpebras não pesavam já anunciando o sono, que se espantara na cadência do contar de tantas e tão inusitadas histórias, mas o dia seguinte exigia um pouco de sono para a caminhada do dia seguinte.

Passara a tarde, finda a noite, veio a manhã. Foi o quinto dia.

terça-feira, 20 de maio de 2008

4º. dia

À saída do albergue: união e boa disposição

O dia 27 tinha como destino Árzua, a uma distância de escassos 14 Km. Mas 14 Km que aumentaram… Na véspera o Fábio tinha colocado os ténis a secar no irradiador. De manhã, quando os foi buscar viu que um deles tinha encolhido ao ponto de não o poder calçar!... Teve de se contentar com uns miseráveis chinelos de praia que o faziam esparrinhar lodo a toda a volta!...

O Fábio fez a etapa com aquele "calçado"...

Na oração da manhã a leitura que saiu à sorte foi Paulo em Malta, dos Actos dos Apóstolos, 28, 1-10:

“Depois de salvos é que soubemos que a ilha se chamava Malta. Os nativos trataram-nos com invulgar humanidade, pois acenderam uma grande fogueira, junto à qual nos recolheram a todos, por causa da chuva que estava a cair e por causa do frio.

Nas proximidades daquele sítio, havia umas terras pertencentes ao Primeiro da ilha, que se chamava Púbio, o qual nos recebeu e, durante três dias, nos hospedou da maneira mais cordial.

Eles por sua vez cumularam-no de honras e, na altura da partida, proveram-nos do que era necessário.”

A chuva ainda nos continuava a perseguir impiedosa, mas dava-nos algumas folgas, e o percurso mimoseava-nos com lugares pitorescos e paisagens repousantes.

Sítios e lugares para não esquecer...

Duas ocorrências são dignas de registo: a primeira quando parámos no pátio de uma habitação, que parecia ser uma garagem sem porta, com dois bancos corridos, um de cada lado. A chuva reaparecia e aquele coberto vinha mesmo a calhar. Não vimos ninguém por ali e lá nos acomodámos. Pouco depois sai um homem da casa defronte daquela em que nos encontrávamos, pega num carrinho de mão e reinicia uma tarefa que devia ter interrompido talvez para almoço. Achámos bem justificar a nossa presença não fosse o caso de nos considerarem intrusos abusadores:

- Bôs dias!...

- Boas tardes! – Respondeu.

- Parámos aqui por causa da chuva, não vimos ninguém para pedir…

Nem nos deixou terminar e, continuando a sua azáfama paulatina, retorquiu:

- Peregrino não molesta!...

Esta frase passou daí em diante a ser uma das máximas que recolhemos e fixámos para sempre!

A outra foi quando gabávamos o belo limoeiro carregadinho a uma das raras almas com que topámos no percurso.

- Ah!... São portugueses?

- Somos!

- Eu tenho duas netas casadas com portugueses!

E lá foi matando connosco em curta cavaqueira a saudade que tem das netas, que moram em Portugal mas nem sabe onde…

A Sofia, oportunista, não se contentou com gabar os limões e atreveu-se até a pedir “um”.

À rapina da Sofia respondeu a fartura da dita senhora:

- Tome lá, tire os que quiser! – E estendeu-lhe um balde cheio.

E a Sofia não tirou um mas dois limões. É que o peso conta senão ficaria com o balde!...

Ribadiso

Ao Km 40, transidos e molhados, entrámos num café, a poucos metros de Ribadiso. A proprietária não devia ter músculos do riso, nem o dom do atendimento, nem o de saber vender.

Tivemos de pedir torradas a prestações.

Torradas a prestações...

Enchemos nós a sala de alegria e de música.

A hora da música e canto

A Sofia aproveitou para tentar secar o boné num cepo da lareira. É que a grande fogueira prometida que nos devia aguardar não passava de um monturo de cinza na lareira…

A lareira mortiça não deixou de dar um certo ar de aconchego...

Aproximando-nos da rampa dos 45%!...

Foi um alívio chegar a Árzua!

Foi um alívio a chegada a Árzua: tomámos banho, fomos ao Centro de Saúde vigiar algumas mazelas, e comprar calçado novo (Fábio). Também aqui encontrámos muita simpatia. A Merche e a Jaqueline, que arranjaram na loja um bom par de botas para substituir as danificadas do Fábio, e que gostam de vir a Valença comer bacalhau.

Demos uma volta pela cidade que tem pormenores interessantes, e visitámos a igreja próxima do albergue.

Pormenor de uma Praça: árvores unidas...

O Pe. Santiago pediu que rezássemos por ele, e tentou tirar-nos uma foto mas não ficou grande coisa.

A missão do fotógrafo é outra mas o tempo também não ajudou.

Alguns de nós tivemos a oportunidade de assistir à Missa na bonita igreja confiada ao Pe. Santiago, onde aproveitámos para apor mais um carimbo nas nossas credenciais.

Aguardando o início da celebração.

O momento de carimbar as credenciais.

Lavados, secos, e jantados, recolhemos aos beliches onde dormimos o sono dos anjos.

Finda a tarde, veio a noite, e em seguida a manhã, foi o quarto dia.