terça-feira, 20 de maio de 2008

4º. dia

À saída do albergue: união e boa disposição

O dia 27 tinha como destino Árzua, a uma distância de escassos 14 Km. Mas 14 Km que aumentaram… Na véspera o Fábio tinha colocado os ténis a secar no irradiador. De manhã, quando os foi buscar viu que um deles tinha encolhido ao ponto de não o poder calçar!... Teve de se contentar com uns miseráveis chinelos de praia que o faziam esparrinhar lodo a toda a volta!...

O Fábio fez a etapa com aquele "calçado"...

Na oração da manhã a leitura que saiu à sorte foi Paulo em Malta, dos Actos dos Apóstolos, 28, 1-10:

“Depois de salvos é que soubemos que a ilha se chamava Malta. Os nativos trataram-nos com invulgar humanidade, pois acenderam uma grande fogueira, junto à qual nos recolheram a todos, por causa da chuva que estava a cair e por causa do frio.

Nas proximidades daquele sítio, havia umas terras pertencentes ao Primeiro da ilha, que se chamava Púbio, o qual nos recebeu e, durante três dias, nos hospedou da maneira mais cordial.

Eles por sua vez cumularam-no de honras e, na altura da partida, proveram-nos do que era necessário.”

A chuva ainda nos continuava a perseguir impiedosa, mas dava-nos algumas folgas, e o percurso mimoseava-nos com lugares pitorescos e paisagens repousantes.

Sítios e lugares para não esquecer...

Duas ocorrências são dignas de registo: a primeira quando parámos no pátio de uma habitação, que parecia ser uma garagem sem porta, com dois bancos corridos, um de cada lado. A chuva reaparecia e aquele coberto vinha mesmo a calhar. Não vimos ninguém por ali e lá nos acomodámos. Pouco depois sai um homem da casa defronte daquela em que nos encontrávamos, pega num carrinho de mão e reinicia uma tarefa que devia ter interrompido talvez para almoço. Achámos bem justificar a nossa presença não fosse o caso de nos considerarem intrusos abusadores:

- Bôs dias!...

- Boas tardes! – Respondeu.

- Parámos aqui por causa da chuva, não vimos ninguém para pedir…

Nem nos deixou terminar e, continuando a sua azáfama paulatina, retorquiu:

- Peregrino não molesta!...

Esta frase passou daí em diante a ser uma das máximas que recolhemos e fixámos para sempre!

A outra foi quando gabávamos o belo limoeiro carregadinho a uma das raras almas com que topámos no percurso.

- Ah!... São portugueses?

- Somos!

- Eu tenho duas netas casadas com portugueses!

E lá foi matando connosco em curta cavaqueira a saudade que tem das netas, que moram em Portugal mas nem sabe onde…

A Sofia, oportunista, não se contentou com gabar os limões e atreveu-se até a pedir “um”.

À rapina da Sofia respondeu a fartura da dita senhora:

- Tome lá, tire os que quiser! – E estendeu-lhe um balde cheio.

E a Sofia não tirou um mas dois limões. É que o peso conta senão ficaria com o balde!...

Ribadiso

Ao Km 40, transidos e molhados, entrámos num café, a poucos metros de Ribadiso. A proprietária não devia ter músculos do riso, nem o dom do atendimento, nem o de saber vender.

Tivemos de pedir torradas a prestações.

Torradas a prestações...

Enchemos nós a sala de alegria e de música.

A hora da música e canto

A Sofia aproveitou para tentar secar o boné num cepo da lareira. É que a grande fogueira prometida que nos devia aguardar não passava de um monturo de cinza na lareira…

A lareira mortiça não deixou de dar um certo ar de aconchego...

Aproximando-nos da rampa dos 45%!...

Foi um alívio chegar a Árzua!

Foi um alívio a chegada a Árzua: tomámos banho, fomos ao Centro de Saúde vigiar algumas mazelas, e comprar calçado novo (Fábio). Também aqui encontrámos muita simpatia. A Merche e a Jaqueline, que arranjaram na loja um bom par de botas para substituir as danificadas do Fábio, e que gostam de vir a Valença comer bacalhau.

Demos uma volta pela cidade que tem pormenores interessantes, e visitámos a igreja próxima do albergue.

Pormenor de uma Praça: árvores unidas...

O Pe. Santiago pediu que rezássemos por ele, e tentou tirar-nos uma foto mas não ficou grande coisa.

A missão do fotógrafo é outra mas o tempo também não ajudou.

Alguns de nós tivemos a oportunidade de assistir à Missa na bonita igreja confiada ao Pe. Santiago, onde aproveitámos para apor mais um carimbo nas nossas credenciais.

Aguardando o início da celebração.

O momento de carimbar as credenciais.

Lavados, secos, e jantados, recolhemos aos beliches onde dormimos o sono dos anjos.

Finda a tarde, veio a noite, e em seguida a manhã, foi o quarto dia.

1 comentário:

Marta disse...

ao fim de quase dois meses, considero que esta foi uma etapa leve, não apenas em km mas porque o peso do cansaço ficara uns quilómetros atrás, durante um sono bem dormido e descansado!!
mas foi uma etapa que soube especialmente bem depois da meia de leite e das torradinhas com manteiga e compota!! :) e iamos todos juntos, chegamos juntos ao albergue! foi diferente do costume e foi, por isso mesmo, especialmente bom!

foi o quarto dia..
agora parece que passou tudo tão rápido!