terça-feira, 29 de abril de 2008



Tudo passa e tudo fica
porém o nosso é passar,
passar fazendo caminhos
caminhos sobre o mar

Nunca persegui a glória
nem deixar na memória
dos homens minha canção
eu amo os mundos subtis
leves e gentis,
como bolhas de sabão

Gosto de ver-los pintar-se
de sol e graná voar
abaixo o céu azul, tremer
subitamente e quebrar-se...

Nunca persegui a glória

Caminhante, são tuas pegadas
o caminho e nada mais;
caminhante, não há caminho,
se faz caminho ao andar

Ao andar se faz caminho
e ao voltar a vista atrás
se vê a senda que nunca
se há de voltar a pisar

Caminhante não há caminho
senão há marcas no mar...

Faz algum tempo neste lugar
onde hoje os bosques se vestem de espinhos
se ouviu a voz de um poeta gritar
"Caminhante não há caminho,
se faz caminho ao andar"...

Golpe a golpe, verso a verso...

Morreu o poeta longe do lar
cobre-lhe o pó de um país vizinho.
Ao afastar-se lhe vieram chorar
"Caminhante não há caminho,
se faz caminho ao andar..."

Golpe a golpe, verso a verso...

Quando o pintassilgo não pode cantar.
Quando o poeta é um peregrino.
Quando de nada nos serve rezar.
"Caminhante não há caminho,
se faz caminho ao andar..."

Golpe a golpe, verso a verso.


Cantares

Antonio Machado






TENHO SAUDADES DE NÓS JUNTOS...

sofia

5 comentários:

Marta disse...

palavras para quê?

cada vez mais saudades!

Anónimo disse...

saudade... a palavra chave!

Anónimo disse...

esqueci-me de assinar.
fábio

Anónimo disse...

Parece que morria Abril
se a Sofia não falasse!...

Se a Sofia ficasse
Congeminando ideias
Ou chocando sentimentos,
(Bem fechados a cadeias,

Como nos habituou
Em determinados momentos
Em que nos acompanhou),
Talvez ela se calasse!

Mas não! E falou!...
Pouco disse, poucas falas,
Evitando a frase feita:
"Por que é que não te callas?"

É que a "bolha de sabão"
Finalmente rebentou;
E a saudade que o balão
Continha, ao sair, voou!

Todos nós temos saudades
Do Caminho, de passos mil,
Mas, se a Sofia não falasse
Antes de expirar Abril...

Baralhava-se-ma a mente
Não entendendo "dos pardais"
O cantar repetidamente:
"Peregrino...aonde vais?"!...

Um grande abraço, Sofia!

Carlos

Anónimo disse...

mas temos poeta!! (: