O dia 27 tinha como destino Árzua, a uma distância de escassos
O Fábio fez a etapa com aquele "calçado"...
Na oração da manhã a leitura que saiu à sorte foi Paulo em Malta, dos Actos dos Apóstolos, 28, 1-10:
“Depois de salvos é que soubemos que a ilha se chamava Malta. Os nativos trataram-nos com invulgar humanidade, pois acenderam uma grande fogueira, junto à qual nos recolheram a todos, por causa da chuva que estava a cair e por causa do frio.
…
Nas proximidades daquele sítio, havia umas terras pertencentes ao Primeiro da ilha, que se chamava Púbio, o qual nos recebeu e, durante três dias, nos hospedou da maneira mais cordial.
…
Eles por sua vez cumularam-no de honras e, na altura da partida, proveram-nos do que era necessário.”
A chuva ainda nos continuava a perseguir impiedosa, mas dava-nos algumas folgas, e o percurso mimoseava-nos com lugares pitorescos e paisagens repousantes.
Sítios e lugares para não esquecer...
Duas ocorrências são dignas de registo: a primeira quando parámos no pátio de uma habitação, que parecia ser uma garagem sem porta, com dois bancos corridos, um de cada lado. A chuva reaparecia e aquele coberto vinha mesmo a calhar. Não vimos ninguém por ali e lá nos acomodámos. Pouco depois sai um homem da casa defronte daquela em que nos encontrávamos, pega num carrinho de mão e reinicia uma tarefa que devia ter interrompido talvez para almoço. Achámos bem justificar a nossa presença não fosse o caso de nos considerarem intrusos abusadores:
- Bôs dias!...
- Boas tardes! – Respondeu.
- Parámos aqui por causa da chuva, não vimos ninguém para pedir…
Nem nos deixou terminar e, continuando a sua azáfama paulatina, retorquiu:
- Peregrino não molesta!...
Esta frase passou daí em diante a ser uma das máximas que recolhemos e fixámos para sempre!
A outra foi quando gabávamos o belo limoeiro carregadinho a uma das raras almas com que topámos no percurso.
- Ah!... São portugueses?
- Somos!
- Eu tenho duas netas casadas com portugueses!
E lá foi matando connosco em curta cavaqueira a saudade que tem das netas, que moram em Portugal mas nem sabe onde…
A Sofia, oportunista, não se contentou com gabar os limões e atreveu-se até a pedir “um”.
À rapina da Sofia respondeu a fartura da dita senhora:
- Tome lá, tire os que quiser! – E estendeu-lhe um balde cheio.
E a Sofia não tirou um mas dois limões. É que o peso conta senão ficaria com o balde!...
Ribadiso
Ao Km 40, transidos e molhados, entrámos num café, a poucos metros de Ribadiso. A proprietária não devia ter músculos do riso, nem o dom do atendimento, nem o de saber vender.
Tivemos de pedir torradas a prestações.
Torradas a prestações...
Enchemos nós a sala de alegria e de música.
A hora da música e canto
A Sofia aproveitou para tentar secar o boné num cepo da lareira. É que a grande fogueira prometida que nos devia aguardar não passava de um monturo de cinza na lareira…
Aproximando-nos da rampa dos 45%!...
Foi um alívio chegar a Árzua!
Foi um alívio a chegada a Árzua: tomámos banho, fomos ao Centro de Saúde vigiar algumas mazelas, e comprar calçado novo (Fábio). Também aqui encontrámos muita simpatia. A Merche e a Jaqueline, que arranjaram na loja um bom par de botas para substituir as danificadas do Fábio, e que gostam de vir a Valença comer bacalhau.
Demos uma volta pela cidade que tem pormenores interessantes, e visitámos a igreja próxima do albergue.
Pormenor de uma Praça: árvores unidas...
O Pe. Santiago pediu que rezássemos por ele, e tentou tirar-nos uma foto mas não ficou grande coisa.
Alguns de nós tivemos a oportunidade de assistir à Missa na bonita igreja confiada ao Pe. Santiago, onde aproveitámos para apor mais um carimbo nas nossas credenciais.
Aguardando o início da celebração.
O momento de carimbar as credenciais.
Lavados, secos, e jantados, recolhemos aos beliches onde dormimos o sono dos anjos.
Finda a tarde, veio a noite, e em seguida a manhã, foi o quarto dia.
1 comentário:
ao fim de quase dois meses, considero que esta foi uma etapa leve, não apenas em km mas porque o peso do cansaço ficara uns quilómetros atrás, durante um sono bem dormido e descansado!!
mas foi uma etapa que soube especialmente bem depois da meia de leite e das torradinhas com manteiga e compota!! :) e iamos todos juntos, chegamos juntos ao albergue! foi diferente do costume e foi, por isso mesmo, especialmente bom!
foi o quarto dia..
agora parece que passou tudo tão rápido!
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