No dia 26 esperava-nos uma etapa curta de apenas
A epístola aos Romanos, 8, 31, e seguintes, fez com que ultrapassássemos sem queixume os trabalhos do dia, pois que
“… se Deus está por nós, quem está contra nós?
…
Quem poderá separar-nos do amor de Cristo?
A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada?
…
Mas em tudo isso saímos mais que vencedores, graças àquele que nos amou.
Nem as potestades… nem a altura, nem o abismo, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus que está
Foi uma etapa de vários encontros: um grupo de catalães, duas brasileiras de direito chegadas há um mês a Valladolid vindas do Recife, os espanhóis de Alicante, e as espanholas de um colégio que, na véspera, sensibilizaram o Fábio.
Casanova… Porto de Bois… Que odor!... A paisagem é linda mas o cheiro a vaca penetra o ar, enche tudo, e temos de o suportar!... Se as fotos pudessem fixar o cheiro do caminho decerto que iriam em pouco tempo parar ao lixo…
Por aqui a paisagem contrastava com o cheiro a vaca...
Mais adiante, creio que em Leboreiro, e já perto do final da etapa, entrámos num café simpático onde nos recebeu o Ramón e a Fabíola. Vínhamos a pingar por causa da chuva que nos vinha baptizando desde há algum tempo, e o café apareceu na hora exacta em que um copo de leite quentinho caía bem. As temperaturas no exterior também eram baixas. Desde o primeiro dia não deveriam ter subido acima dos seis graus, e, às vezes, deveriam andar mais perto dos quatro que dos seis! Sem se importarem com a água que pingava das coberturas das mochilas mandaram-nos arrumá-las a um canto e atenderam-nos com um sorriso que parecia responder à promessa com que iniciáramos o dia:
“…se Deus está por nós, quem está contra nós?”.
Foi um alívio avistar em Furelos a tal ponte dos quatro olhos (que se só tivesse três levaria a Sofia a reclamar…) que fica já perto de Melide.
A ponte de Furellos
O albergue é pequeno e o cilindro não tinha capacidade para tantos banhos. Por isso, neste dia alguns foram dormir tal qual haviam chegado…
Mas, era dia de polvo à galega
Uns fomos ao tal polvo, outros ao bifinho.
O polvo é cozido em caldeirão de cobre, onde se mantém à espera dos comensais. À chegada basta parti-lo em pedacinhos, temperá-lo com bastante sal refinado, pimenta, pimentão (colorau), e muito, muito, mesmo muito azeite! Vai com pão a acompanhar, batatas cozidas, tudo regado com verde tinto
A outra mesa estavam os catalães que se dispuseram a tirar-nos a foto em que o polvo era o centro das atenções, nós os actores, e a cozinha o cenário. A intenção foi boa mas o jeito é que era pouco pois as fotos ficaram todas desfocadas!...
Pagámos €8,50 por pessoa. Pena foi não haver caldo galego. Fica para a próxima, se na próxima tiverem caldo galego!
A Sofia queixava-se da garganta. À falta de chá achámos bem pedir para ela uma daquelas bebidas quentinhas que costumam fazer subir a circulação e espantar as febres. Escolheu-se um licor de Santiago, quentinho, que o anfitrião nos serviu em copos de vinho até meio…
Ao lado, os catalães bebiam o mesmo em “dedais” de vidro!...
A Sofia não mais tossiu, nem morreu e, por isso, quando lhe vier a tosse pensa logo em ir outra vez a Santiago para a curar com um copinho…
Bem aviados, ao jantar contentámo-nos com um leite quente.
Ao lado descobrimos a Igreja de Nª. Srª. da Conceição onde ainda se vislumbram restos do que foram pinturas em afresco do Séc. XV. A guia esmerou-se em simpatia.
A igreja de Nª. Srª. da Conceição (exterior)
Quando a noite veio mesmo ainda nos entretivemos até tarde mas não sem antes termos terminado aquele dia com mais uns momentos de partilha, de pensamentos, de meditação.
Tinha vindo a tarde, veio a noite, e em seguida a manhã: foi o terceiro dia.
3 comentários:
"Mais adiante, creio que em Leboreiro, e já perto do final da etapa, entrámos num café simpático onde nos recebeu o Ramón e a Fabíola. Vínhamos a pingar por causa da chuva que nos vinha baptizando desde há algum tempo, e o café apareceu na hora exacta em que um copo de leite quentinho caía bem."
pois... deve ter caido muito bem deve... a mim pelo menos soube-me pela vida, e imagino que ao Fábio também, não é Fabito?
Não?
Ah, pois foi, os desnaturados dos outros deixaram-nos passar pelo café sem nos chamarem e continuamos sempre...! Ficamos sem sentir as mãos debaixo do granizo que caía, almoçamos bolachas de água e sal sentados no chão à chuva, mas sabem que mais? Foi um dos melhores momentos! Até porque nós somos a presidencia, não precisamos de leites quentinhos...! :)
" As temperaturas no exterior também eram baixas. "
eu que o diga...! Apesar de tudo, encorajamos uma peregrina (embora lhe tenhamos mentido, mas a culpa não foi nossa...:P) e chegamos ao albergue contentes por ser os primeiros, mas ficamos ao frio à espera... faltavam as credenciais!!
Foi também o dia em que jogamos o "lobo", um jogo em que está em cheque a capacidade de argumentação, ou seja, quem tiver mais lábia, quem 'mentir' melhor, ganha!
Pela falta de jeito de uns, pela cumplicidade de todos, foi um jogo que muito nos fez rir...!
E mais não digo, o estudo chama-me...!
Ah, não posso deixar de deixar aqui (mais um) beijo de parabéns à Ana que, especialmente no meu caso e no da Marta, nos acompanhou do lado de cá!
:)
beijos meus para todos
Ó Ritinha!... Nós bem vos quisemos junto de nós: espreitámos a rua e só vimos chegar os outros que nos disseram que íeis à frente!... (Lampeiros!)...
O telemóvel também não serviu de nada porque a chuva assustava. Coisas do Caminho que cá - e lá - ficam!...
O nosso consolo e a vossa desdita são bem o espelho da sorte e do azar!!!...
Beijos.
Carlos
que dia esse...
bem, amanha comento de jeito. hoje deixo apenas a minha marca de passagem, que a estas horas ainda tenho que trabalhar para a faculdade..
saudades de todos vocês! :)
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