terça-feira, 13 de abril de 2010

2ª. Etapa: Vilarinho - Rates - Barcelos


A Torre de Vilarinho


Começou com calma esta segunda etapa. O tempo ainda estava agradável e o cansaço não molestava.
Começámos o dia com a nossa oração da manhã. Como trazíamos o Evangelho de cada dia da Semana Santa discutimos se deveríamos pedir a Palavra para o nosso dia abrindo o Novo Testamento à sorte ou se leríamos o Evangelho do dia. Optámos pela primeira hipótese deixando a leitura do Evangelho para outra hora do dia. Era Domingo de Ramos. Aberto o NT que saíu? Ora vejam: o Evangelho de S. Lucas, 19, 29-40 - Entrada Messiânica em Jerusalém!... O Evangelho do dia de Ramos!...

Ao longo da jornada fomos cruzando outros caminheiros de outros percursos, ciclistas de fim-de-semana e cultivadores da boa forma física. A paisagem tornara-se definitivamente rural, surgiam rios e pontes, e prados verdejantes a perder de vista. O tempo estava ameno.

Ponte sobre o Rio Ave

Surgiram as primeiras subidas e o que parece não é. Não cruzámos pela peregrina: ela é que achou mais fácil subir de marcha atrás!...
Ou seria prenúncio da sua decisão de nos deixar a partir de Barcelos?

Aproximação a Rates



Caminho e ribeiro: adivinhando o que nos esperava

O caminho começou a mostrar o porquê de nem sempre ser fácil ou previsível. A terra plana deu lugar a troços de calçada, algumas vezes feito de pedra solta, e a água tomava o lugar dos transeuntes obrigando-nos a alguma ginástica subindo e descendo bermas e taludes, ou empinando-nos como podíamos no topo das pedras para evitarmos molhar o calçado. Seguíamos a Via Militar Romana XIX, e por ela continuámos até Santiago.
Chegámos a Rates decorria já a Missa dominical. Invadimos o templo com o devido respeito, assistimos à Santa Missa, distribuimos entre nós um ramo benzido que uma assistente diligentemente nos deu, e, finda ela, almoçámos sob um sol agradável recostados à parede daquele templo românico.

Descanso saboroso em Rates
Não podíamos ficar eternamente recostados à parede do templo. Tínhamos de continuar o nosso caminho em direcção a Barcelos. Avançámos, desta vez por entre campos e grupos de casinhas que apareciam rodeando a igreja.
Chegámos a Pedra Furada, que foi uma agradável surpresa. Não pensávamos demorar mas a simpatia do proprietário do café e restaurante "Pedra Furada" a isso nos obrigou. Ali ficámos mais de meia hora admirando o livro de honra dos peregrinos que por ali passam, a ouvir as suas histórias e as histórias por ele contadas de outros caminheiros, e o casal suíço - Bobby e Lisbeth - com quem combinámos um café no Porto um dia destes...

Pedra Furada: a igreja e a pedra furada


Recordações do Caminho no restaurante "Pedra Furada"

Continuámos e, por vezes, o caminhar só também é salutar.

Peregrinando com sol
Davam as 19,00 horas nas torres sineiras de Barcelos quando cruzámos a ponte em direcção à cidade.
Dirigimo-nos ao Quartel dos Bombeiros Voluntários para nos hospedarmos por aquela noite.
Depois de um banho retemperador, jantámos na pensão Vera Cruz.
Pela noite dentro e, com mais furor, de madrugada, a chuva caíu a rodos. No íntimo desejávamos que caisse toda antes da nossa saída porque andar debaixo de chuva é mais complicado e muito menos agradável. O certo é que o barulho que fazia nos tectos largos das instalações do Quartel assustava-nos bastante.
Mudara a hora no dia transacto e a nossa madrugada deste dia teria de ser ainda mais cedo. Acordámos pela hora do relógio e preparámos-nos para uma nova etapa que nos levaria a Ponte de Lima. A chuva parara. Anúncio de tréguas.
C.

2 comentários:

Sofia Santos disse...

Ó Carlos!

Como é bom "ouvir" o teu relato...

Rita, a porta-chaves disse...

É bem verdade! Ao ler isto ninguém tem a menor dúvida que é um relato do Carlos e que nunca poderia ser de mais ninguém... é um relato 'carlês'.
Tenho apenas a dizer que no restaurante Pedra Furada ficamos meia hora... de cada vez... 3 vezes! Até o senhor basicamente nos pôr dali para fora, depois de deixar bem claro que naquela zona os táxis não levam peregrinos e com duas histórias deixou-nos com a certeza que desistir não deve ser opção. Foram palavras que mais tarde me voltaram à ideia e me ajudaram a olhar para frente e não para trás!