


Como se vê, a Lara já não estava no grupo pois decidira em Barcelos dar um salto no percurso e reiniciar o caminho a partir de Valença, como era sua intenção inicial fazer. Mas os três brasileiros que se nos juntaram quase que a fizeram esquecer. Quase, porque esteve sempre connosco.
No princípio o caminho até parecia uma espécie de avenida que nem dava para sonhar o que aí vinha.
Metros adiante já era assim: tivemos de desviar do caminho para as propriedades vizinhas porque aquele estava pura e simplesmente intransitável; era mais a água que o piso...
O caminho e o rio eram uma e a mesma coisa...
Por entre ramadas lá fomos passando onde podíamos, enganando o caminho. Não fomos sozinhos a passar por ali, mas decerto que aquele não é bem o traçado do Caminho Português!
E, já na Labruja, com rápidos e cascatas que não podem ser agora aqui mostradas porque a fotógrafa que transportava a máquina se esqueceu de a disparar, surgiu também este acréscimo de dificuldade, remedeio da Câmara, ele próprio também já arruinado pelos temporais, sobrepondo-se a um rio caudaloso e ameaçador que certamente não pouparia quem ali escorregasse...
Para compor as coisas vivemos cenas de certo bucolismo, em contacto directo com a realidade do campo.
Reencontrando dois amigos de outras peregrinações, na Senhora das Neves, depois de uma pausa num café simpático, antes de nos afoitarmos monte acima até Rubiães. "Olhem que até Rubiães não há mais nada!", tinham-nos dito. Depois vimos que não era bem verdade, mas quase...
à entrada de uma aldeia, a "Fonte das Três Bicas". Ali bebemos.
Embrenhados na mata, o lodo continua.
Mas também aparece água cristalina em abundância e sem contador. Fresquinha e boa!... Que o diga a Sofia.
Retemperados com o manancial fresquinho atacámos o caminho (!...) por onde dizem que os Romanos traçaram a sua Via Militar XIX. Nem sei como subiam aquilo com os carros pois nem é muito fácil fazê-lo a pé.
E a saga continuou por fragas, pedras, raízes, tudo a dificultar a ascensão naquela terra, a caminho do nosso céu que, naquele momento seria o de uma via plana, macia, através de relva fresca ouvindo o trinar das avezinhas e o som da água (ao lado...) cascalhando no seu leito, céu que não havia meneira de se materializar.
Chegados ao topo pensávamos que dali em diante seria só descer. E começámos de facto a descer por um caminho que era cópia invertida do que deixáramos para trás.
No início deste dia, e numa das primeiras poças que encontrámos, o Fábio achou que não seria bonito continuar sem marcas do caminho e, sem saber bem como, deu consigo no charco. Danado com ele mesmo porque, como dizia, ali nem era sítio para alguém cair, fez grande parte do percurso a pensar naquilo.Grande trambolhão! O que vale é que a mochila é de muita utilidade nestes casos e ampara a queda.
Como diria o "nosso amigo" Prof. Hermano Saraiva, "...foi aqui, precisamente aqui..."
Finalmente, Rubiães com a sua igreja românica, e o seu albergue, onde aproveitámos para descansar um pouco.
Deserto de gente, portas abertas, um verdadeiro refúgio de montanha...
S. Bento da Porta Aberta. Em tempos deve tê-la tido sempre aberta. Agora estava fechada, o que não impediu de lhe fazer uma visita pelo lado de fora, rodeando a igreja.
peregrinos parecem bandeirantes rompendo a selva por entre silvas, ramos e cascalho...
Dirigimo-nos ao Albergue, que na cidade se encontra muito mal assinalado (!), e retemperámos forças para, no dia seguinte, passarmos ao outro lado, sabendo que, quem tivesse chegado a Valença também chegaria a Santiago. E assim foi.










